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quinta-feira, março 28, 2024
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No mês da mulher é preciso falar sobre Artrite

“Quando o assunto é doença reumática, são elas que em geral sofrem mais”. Essa afirmação é do reumatologista, Dr. Carmo de Freitas, e é o que revela também uma pesquisa mundial divulgada no 25º Congresso Brasileiro de Reumatologia.

Mais de 9.800 pessoas, entre pacientes e profissionais de saúde, participaram dessa pesquisa, cujo objetivo foi o de revelar os impactos causados na vida pessoal de pacientes com artrite reumatóide (AR). No Brasil, participaram 1.916 pacientes e 385 profissionais de saúde, sendo a maioria dos pacientes do sexo feminino e que já convivem com a doença de 5 a 15 anos.

“Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 pessoas tem artrite, e em torno de três mulheres para cada homem têm a doença. Existem vários fatores que contribuem para o surgimento da AR, desde a hereditariedade à hábitos de vida, e ainda a relação hormonal que torna a doença mais comum em mulheres”, diz Dr. Carmo.

Avanços e desafios

Nos últimos anos, os avanços foram muitos com o surgimento de novos tratamentos que vieram para contribuir com a melhora da qualidade de vida do paciente. “Anteriormente a isso, 30% das pessoas com AR viram a doença evoluir a ponto de ficarem em cadeira de rodas”, lembra Dr. Carmo de Freitas.

Contudo, a doença continua a dificultar a vida de quem a tem: 50% dos pacientes que responderam à pesquisa mundial relataram que ainda sentem dor, rigidez matinal quando acordam com as articulações endurecidas, com dificuldade de movimento e fadiga.

Cerca de 36% dessas pessoas de alguma maneira tiveram de parar de trabalhar ou a AR prejudicou de algum modo a progressão da carreira delas.

Em relação à vida pessoal e social, mais de 50% tiveram algum impacto nas relações interpessoais, sejam com familiares, com o cônjuge, com filhos ou amigos.

Quase 60% dos pacientes relataram a doença levando a um impacto tanto na sua atividade física, como na sua atividade emocional, no modo de encarar a vida com frustrações, depressão, alterações de humor.

64% comentaram os impactos da doença em suas relações íntimas, na sua vida sexual.

Mais de 30% disseram não ter vontade de fazer exercícios físicos, por conta das dores que sentem.

E 56% dos consultados sentem-se frustrados ou insatisfeitos quando não conseguem realizar ou completar atividades por causa da doença.

Em termos de aspirações, a pesquisa revelou acomodação em relação à doença para grande parte dos entrevistados: 64% responderam que a AR dificulta sua vida, mas eles aceitam a doença.

A sondagem ainda mostra que o que mais impacta os pacientes com AR, tanto nas atividades diárias de trabalho como nas atividades domésticas, é justamente utilizar as mãos.

Nas relações interpessoais no trabalho, apesar de a maioria dos colegas demonstrar apoio ao amigo na doença, muitos se afastam. Ou seja, mesmo com os tratamentos modernos disponíveis, que deixam o paciente sem que a doença progrida ou tenha sinais de deformidade nas articulações, muitas pessoas não compreendem ao certo o que se passa com o doente e acham que ele “está fazendo corpo mole”.

“Pesquisas como esta são muito importantes para desmistificar questões e ajudar no diálogo entre médicos e pacientes, familiares, amigos. Não basta olhar só a doença, suas causas, tratamentos… É preciso pensar sobre seus reflexos na vida da pessoa doente e, consequentemente, na sociedade como um todo”, enfatiza Dr. Carmo de Freitas.

 

Por: Carmo Gonzaga de Freitas – reumatologista

Ele foi o primeiro reumatologista da região do Triângulo Mineiro e co-fundador de um dos maiores complexos hospitalares de Uberlândia (MG).

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