O aumento de casos de COVID-19 causados pela variante ômicron e seus diferentes reflexos no organismo humano pode ser uma das explicações para o recorde histórico de óbitos registrados pelos Cartórios de Registro Civil mineiros em janeiro de 2022, o mais mortal desde o início da série histórica em 2003, com um aumento de mais de 80% nos falecimentos por pneumonia em comparação ao mesmo mês de 2021.
Em janeiro de 2022 foram registrados 16.504 óbitos em Minas Gerais, um aumento de 6,7% em relação a 2021, que registrou 15.455 mortes no mês, e que já havia registrado crescimento de 32,74% nas mortes em relação a janeiro de 2020, ainda antes do início da pandemia no país. Já as mortes por pneumonia passaram de 1.405 em janeiro de 2021 para 2.517 neste ano. Em 2020, antes da pandemia, foram 1.634 mortes pela doença.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil (https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio), base de dados administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/BR), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil do País – presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros -, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.
Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios mineiros está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração em janeiro deste ano na comparação com o primeiro mês do ano passado: AVC (20%), Infarto (11%) e Causas Cardiovasculas Inespecíficas (30%). Também registraram crescimento as mortes por Septicemia (23%), Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (39%) e Indeterminada (18%). Já os óbitos por Covid-19 tiveram redução de 62% no período.
“Os registros dos cartórios de Registro Civil mineiros apontam um índice substancial de queda de 62% nos casos de Covid-19. Podemos atribuir essa queda à vacinação contra o vírus, que demonstra sua eficácia no controle dos casos. Percebemos ainda que com a diminuição do isolamento social e o retorno a rotina se normalizando, o aumento das demais causas mortes como por exemplo a pneumonia voltaram a subir. Destaca-se ainda o aumento de mortes por causas violentas em virtude das aglomerações em bares, estádios de futebol, viagens e etc. que propiciam brigas e acidentes”, aponta Genilson Gomes, presidente do Recivil.
Mortes Violentas crescem
Enquanto o total de mortes em janeiro de 2022 em Minas Gerais cresceu 6,7%, os falecimentos por Mortes Naturais – aquelas causadas por doenças – cresceram 6,3%. Já as Mortes por Causas Violentas – aquelas em razão de homicídios, acidentes de veículos, suicídio, entre outras – aumentaram 15%, o que mostra que a diminuição do isolamento eleva os índices de óbitos em razão de acidentes e crimes. Na comparação de janeiro de 2020, antes do isolamento, com janeiro de 2021, houve queda de 50% nas Mortes Violentas.
O número de óbitos registrados nos meses de 2022 ainda pode vir a aumentar, assim como a variação da média anual e do período, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns estados brasileiros expandiram o prazo legal para comunicação de registros em razão da situação de emergência causada pela COVID-19.
Fonte: Recivil – Sindicato dos Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado de Minas Gerais