No último mês, um grupo de economistas do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU) lançou a publicação “Trabalho do Futuro ou Futuro do Trabalho?”. O e-book, publicado durante o I Seminário Virtual Cepes, do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (IERI/UFU), busca trazer à reflexão temas como a reprodução e renovação das desigualdades de gênero no mercado de trabalho. Segundo Ester Ferreira, “o aumento da participação feminina no mercado se dá como algo positivo e em evolução, mas também ainda há a persistência das desigualdades de gênero, manifestas em várias faces dessa inserção das mulheres”.
Além disso, a publicação trata da inserção das pessoas com deficiência (PcD) e a situação dos jovens dentro do mercado. O pesquisador Luiz Bertolucci Jr. afirma que, com as mudanças arquitetônicas e melhorias na acessibilidade em geral, em grande parte, por conta do aparato legal brasileiro, “não há qualquer justificativa para a existência de barreiras à contratação de pessoas com deficiência na maioria das atividades desenvolvidas em empresas, órgãos públicos, entre outros espaços de trabalho”. Ele acrescenta que todas estas melhorias têm beneficiado a população em geral; não somente as PcD, mas também idosos, crianças e outras pessoas com alguma restrição ou incapacidade.
Ainda assim, Bertolucci Jr. alerta que é grande o descumprimento da Lei de Cotas, definida no Artigo 93 da Lei nº 8.213/1991, que determina a obrigatoriedade de contratação de PcD por empresas com mais de 100 funcionários ou servidores, em percentuais que variam de 2% até 5%, a depender do quadro total de trabalhadores.
O trabalho também trata da flexibilização, que vem ocorrendo de modo cada vez mais célere, por meio da intermitência e terceirização do trabalho e as reflexões e conjecturas do trabalho no setor público. De acordo com Ferreira, a publicação é importante, porque traz à tona todas as temáticas que já estavam sendo discutidas e problematizadas antes da pandemia.
O e-book evidencia que são características inequívocas desse momento a flexibilização e a desregulamentação da relação entre trabalho e capital, de modo que há uma busca, a qualquer custo, pelo não reconhecimento da classe trabalhadora como tal e pela institucionalização da informalidade. Sobre as mudanças institucionais, o e-book trata das repercussões importantes do avanço tecnológico e da forma de inserção do país no capitalismo global que se firma desde a década de 1990 e o desemprego tecnológico, que é tema recorrente nas prospecções acerca do futuro do trabalho.