O início do ano é um período propício para avaliar o que passou, buscar novas inspirações e planejar ações para o futuro. Especialmente no momento que vivemos, também é oportunidade de tirar as lições da crise e, com a atitude de quem busca melhorar, aprender com iniciativas bem-sucedidas. Exemplo disso é a forma profissional como, em outros países, são geridos os negócios familiares, que constituem a base da economia em quase todo o mundo.
De acordo com estudo do Credit Suisse, as empresas de controle familiar são 85% do todo e geram cerca de dois terços do PIB e dos empregos na Europa e na América Latina. A mesma pesquisa revela que organizações com esse modelo listadas em bolsa trazem mais retornos financeiros, apresentam ciclos mais estáveis e criam mais valor. Essas vantagens resultam da facilidade dos sócios em planejar e tomar decisões voltadas ao longo prazo, para os 20 a 30 anos seguintes.
Por trás de multinacionais de destacado sucesso, estão bem estruturados grupos familiares. São os casos da sul-coreana Samsung, da alemã BMW e da brasileira Votorantim. Exemplos emblemáticos de longevidade familiar são os Wendel, da França, que desde 1704 vêm se reinventando como empresários e investidores; e os Wallemberg, da Suécia, que indo para a sexta geração, têm participação em companhias como Electrolux e Ericsson e congregam em torno de 30% de todos ativos da Bolsa de Estocolmo.
Os cases exitosos deixam claro que o desenvolvimento de uma nação passa também pelo aprimoramento das famílias como controladoras de negócios. Essas histórias inspiradoras contrastam com diversas outras que ficaram pelo caminho. Ao encerrarem suas atividades, geram graves impactos econômicos e sociais.
As práticas sucessórias sustentáveis que estão dando certo, como a implantação do family office e a mentalidade de família investidora, devem ser replicadas nacionalmente – ainda mais considerando que poucas são as empresas de controle familiar que ultrapassam a quarta ou quinta geração no Brasil. Com profissionalismo, visão de longo prazo, alinhamento e valores sólidos, os negócios com esse modelo se fortalecem. Contribuem para a estabilidade, geram mais empregos e ajudam a impulsionar o nosso país.
Por: Marcelo Geyer Ehlers
Empresário, consultor de family offices e coautor do livro ”A Família Investidora e o Family Office”