Ingerir medicamentos continuamente, mudar hábitos de vida e tomar conhecimento da doença são os problemas enfrentados por quem tem a doença e precisa controlá-la.
O controle da hipertensão tem sido um grande desafio para o setor da saúde. Segundo o cardiologista do Madrecor Hospital, de Uberlândia-MG, João Lucas O´Connel, somente 1/3 dos hipertensos estão controlados. Isso, porque a metade das pessoas portadoras da doença não sabe. “Infelizmente muitas pessoas, que têm a pressão arterial elevada, não sabem que são hipertensas e as que sabem não conseguem fazer um bom controle. Não basta saber que é hipertensa e tomar a medicação para hipertensão. A pressão arterial precisa de estar no nível aceitável (12/8 mmHg). Hoje, no Brasil, acredita-se que apenas 20% das pessoas estão com níveis pressóricos bem controlados”, afirma o médico.
A hipertensão é uma doença crônica que atinge homens e mulheres de diversas idades. Segundo O´Connell, uma porcentagem pequena da população nasce com a predisposição à doença, mas em 90% dos casos, além da tendência genética, outros fatores do ambiente em que a pessoa vive facilitam o surgimento da hipertensão, com por exemplo: excesso de peso, sedentarismo, coexistência de outras patologias como diabetes, tabagismo e excesso de álcool. “Os outros 10% dos casos são ocasionados por outras doenças, como por exemplo, dos rins, tireoide, apneia obstrutiva do sono. O uso de medicamentos como anti-inflamatórios, corticoides e excesso de cafeína também estão associados à elevação da pressão arterial. Se a pessoa puder suspender o uso desses medicamentos, há grandes chances de controlar os níveis da pressão”, reitera.
Valores ligados à hipertensão
Os valores da pressão alta têm variado conforme a evolução de estudos que demonstram a ideal. No Brasil, se os níveis tiverem 140/90 mmHg, ou popularmente 14/9 mmHg, de forma repetitiva, já caracterizam-se a hipertensão.
Todavia, em países como os Estados Unidos, esse limite já abaixou. Atualmente, naquele país, se a pessoa atinge o valor 13/8 mmHg já é considerada hipertensa. “Provavelmente, no futuro, a Sociedade Brasileira irá adotar o índice menor. Mas a meta, no Brasil, é que pressão esteja menor do 13 e menor do que 8”, informa o cardiologista do MadreCor, João Lucas O´Connell.
Complicações
A pressão arterial é a tensão dentro dos vasos sanguíneos e quanto maior ela for, aumenta a chance de uma ruptura do vaso levando a pessoa a um infarto, um acidente vascular cerebral ou até ao óbito.
Fator idade
A pressão arterial vai subindo ao longo do tempo. A maioria das pessoas acima de 60 anos é hipertensa, mas é um problema que hoje atinge cada vez mais jovens, por causa do aumento dos fatores de risco que geram a hipertensão.
Condições ideias para aferir a pressão arterial
Existem condições ideais para aferir a pressão arterial. De acordo com João Lucas O´Connell, o indivíduo deve estar sentado por pelo menos 15 minutos e calmo; ele não pode ter ingerido bebidas alcoólicas, café, cigarro e não pode ter praticado exercícios físicos. “Em todos nós, mesmo que não sejamos hipertensos, a nossa frequência cardíaca sobe e a pressão arterial também, se fizermos algum esforço. Então, é normal que a pressão aumente com o estresse físico e emocional”, explica.
Tem cura?
A hipertensão é uma doença crônica, mas pode ser controlada. “Há como controlar com medidas não farmacológicas, como perda de peso, prática de exercícios físicos, alimentação saudável, ou outras estratégicas para lidar com o estresse, mas também precisa de uma vigilância contínua e prevenção sempre”, alerta o cardiologista do Madrecor Hospital.
O médico destaca o uso de medicamentos. “Eles fazem efeito a longo prazo, portanto, o paciente não pode deixar de tomar o medicamento, se a pressão estiver boa. Só é indicada a suspensão da medicação, se a pessoa estiver com a pressão arterial muito baixa, por volta de 9/5 mmHg e 8/5 mmHg, mas se ela tiver no nível aceitável, 12/8 mmHg, o indivíduo deve tomar o remédio, pois ele vai protegê-lo pelas próximas horas”, orienta João Lucas O ´Connell.