A Fonoaudiologia é a ciência que tem como objeto de estudo: as funções neurovegetativas (mastigação, deglutição e aspectos funcionais da respiração) e a comunicação humana, que é um complexo processo neurológico.
Em uma primeira parte de uma entrevista completa já publicada recentemente com a fonoaudióloga, Regina Kaial, ela falou sobre a voz, suas alterações e tratamentos mais comuns para as patologias vocais e os profissionais que vivem da voz, como professores e músicos. Hoje na segunda parte dessa matéria, Regina aborda questões como o ronco e a gagueira.
Gazeta – Até onde o ronco é considerado normal?
Regina – Primeiro é preciso frisar que o ronco não é uma questão normal do sono. Ele pode estar ligado à obesidade entre outras possíveis causas orgânicas. Mas, existe também a hipotonia (flacidez da musculatura oro-facial interna da boca) do véu palatino, dorso de língua e outras estruturas intra-orais. Essa musculatura, durante o sono profundo, pode, dependendo da posição que a pessoa dorme, obstruir a passagem aérea causando o barulho do ronco e até mesmo apneia.
Gazeta – “Apneia do sono” o que pode ocasionar e como identificar?
Regina – O parceiro/parceira deve ficar atento a pausas respiratórias durante o sono, isso significa que esta pessoa está tendo apneia obstrutiva durante o sono o que pode gerar irritação e alteração do sono, entre outros fatores desencadeados por uma noite mal dormida.
Gazeta – Qual é o tratamento?
Regina – A princípio temos exercícios de fortalecimento destas áreas moles (a musculatura), claro que a obesidade precisa ser descartada. Contudo se a parte terapêutica não surtir o efeito desejado, há a possibilidade de uma intervenção cirúrgica, que é uma medida mais drástica.
Gazeta – E a gagueira, como proceder? Uma de nossas leitoras ressaltou que tem gagueira quando está nervosa. Isso é normal?
Regina – Normalmente a pessoa que tem disfluência (termo técnico para a gagueira), apresenta esta dificuldade em vários momentos da fala espontânea/leitura, porém é comum a disfluência acentuar-se em momentos de grande ansiedade. Outras pessoas não se mostram gagas no dia a dia, mas em momentos de maior estresse manifestam a disfluência, contudo não é um fato normal.
É comum pessoas dizerem que é normal a criança gaguejar na primeira infância, entre 2 e 5 anos, dita gagueira transitória, porém esta manifestação não é “normal” e, precisa ser avaliada com cuidado para que a fluência normal volte a ser reestabelecida, e não seja instalada uma gagueira propriamente dita.