É possível que existam pelo menos meio milhão de pedaços de lixo feito pelo homem orbitando este planeta. Pedaços pequenos conseguem viajar a cerca de dez quilômetros por segundo, muito mais rápido do que uma bala. A Estação Espacial Internacional acabou de ter que ajustar sua órbita só para evitar colidir com esse lixo. As pessoas estão preocupadas, e com razão, com o que fazer com todo esse lixo espacial.
Recentemente, uma equipe de cientistas chineses publicou um estudo sobre a remoção de detritos com uma estação de laser espacial. Especificamente, eles mencionavam sobre como a órbita de uma estação dessas impactaria sua própria capacidade de remover o lixo. Mas estaríamos mesmo perto de um sistema como esses? Ele vai existir algum dia?
O problema do lixo espacial é real. Cientistas apontam que o mais preocupante são os pedaços de lixos minúsculos que as agências espaciais não estão rastreando. Eles podem causar bastante dano em uma espaçonave desprotegida. Os pesquisadores chineses descrevem que os lasers aparecem como a opção mais promissora para eliminar esses detritos, notando que a geografia da Terra e a vasta distância entre solo e órbita tornam um laser terrestre uma solução limitada.
“Consequentemente, é necessário estudar o princípio básico e a viabilidade de uma remoção de detritos por laser no espaço”, escrevem, em estudo publicado no periódico Optik.
Esse estudo ganhou certa cobertura por parte da imprensa, mas a ideia não é particularmente nova. Cientistas têm estudado essas soluções há muitos anos, embora um estudo de 2015 diga que tem havido uma espécie de renascença recente com a ideia de um laser espacial para limpar o lixo.
Esse artigo de 2015, publicado pelo pesquisador austríaco Manuel Schmitz e outros na Acta Astronautica, explica que os detritos não serão explodidos, como parte da imprensa parece sugerir. Em vez disso, o laser transmitiria energia para dentro do pedaço de lixo, fazendo com que ele saísse da órbita e pegasse fogo na atmosfera ou desviasse do caminho de uma espaçonave.
O novo estudo na Optik consiste apenas em um modelo, mas, na verdade, é necessário haver mais pesquisas sobre o assunto e a viabilidade. “Apenas uma campanha mais ampla de experimentos pode comprovar os elaborados modelos teóricos e criar credibilidade e prova suficientes de que o mecanismo de propulsão ablativa de laser funciona como esperado quando usado em detritos espaciais como alvos”, afirma o estudo de 2015.
E qual país vai permitir que outra potência mundial coloque um laser desses no espaço? “Poderia ser usado para propósitos militares”, conta Victor Apollonov, físico que estuda lasers de alta potência no Instituto de Física Geral, da Academia Russa de Ciências, em entrevista ao Gizmodo. “Por isso, é questionável.” Ele apontou que pessoas têm conversado sobre essa ideia desde o começo dos anos 2000. “Acredito que o primeiro passo deva ser alguma discussão em escala global” sobre a colocação de um laser desses no espaço.
Portanto, sim, existem equipes pesquisando um laser espacial de remoção de detritos. Mas saber se os países vão permitir que um deles de fato posicione um objeto como esse no espaço já é outra questão.